terça-feira, 8 de maio de 2018

Canto Único (fragmento)

I.
Canto a beleza, canto a putaria
de um corpo tão gentil, como profano;
Corpo que, a ser preciso, engoliria
Pelo vaso os martelos de Vulcano:
Corpo vil, que trabalha mais num dia
Do que Martinho trabalhou num ano;
E que atura as chumbadas e pelouros
De cafres, brancos, maratás e mouros.

II.
Vênus, a mais formosa entre a deidades,
Mais lasciva também que todas elas:
Tu, que vinhas de Tróia às soledades
Dar a Anquises as mamas e as canelas:
Que gramaste do pai das divindades
Mais de seiscentas mil fornicadelas;
E matando uma vez da crica a sede,
Foste pilhada na vulcânica rede:

Bocage

domingo, 6 de maio de 2018

dedos não brocham

broXar assim é homo, mono, tribadismo, monoteístico; broCHar ganha ares de conflito, soa hétero, bi, estéril, panteístico. na cama brochar ou broxar não faz diversidade, o que importa são os dedos a lapidar o que é interno para o externo. a mulher que é Canção lasciva e carnuda insinua-se no C, letra feminina, cheia de graça e curvas, onde o H se perde por ser linear e masculino. o intrínseco não é seco em CH, posto que é fértil como a primeira matriarca africana parideira  de toda gente. no X etéreo, minha Safo de Lesbos canta, feito com CH ou X, os dedos não brocham para além da proteção e do prazer: criam com seus pincéis, teclados, canetas, giz, martelos, vassouras, parafusadeiras, nas iras das construções de tudo o que é humanidade. portanto, esse broCHar é assim: poético dialético, dialético poético

Alessandra Safra

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