Canto a beleza, canto a putaria
de um corpo tão gentil, como profano;
Corpo que, a ser preciso, engoliria
Pelo vaso os martelos de Vulcano:
Corpo vil, que trabalha mais num dia
Do que Martinho trabalhou num ano;
E que atura as chumbadas e pelouros
De cafres, brancos, maratás e mouros.
II.
Vênus, a mais formosa entre a deidades,
Mais lasciva também que todas elas:
Tu, que vinhas de Tróia às soledades
Dar a Anquises as mamas e as canelas:
Que gramaste do pai das divindades
Mais de seiscentas mil fornicadelas;
E matando uma vez da crica a sede,
Foste pilhada na vulcânica rede:
Bocage

